Nos arredores de Arnhem, no leste dos Países Baixos, foi concretizado um novo e surpreendente plano diretor. Realizado pelo gabinete de arquitetura internacional MVRDV, pelo estúdio de arquitetura paisagista Buro Harro, sediado em Arnhem, e pelo promotor KondorWessels Projecten, o exuberante plano diretor transformou uma antiga base militar alemã da Segunda Guerra Mundial num enclave residencial e cultural no meio do Veluwe (uma reserva natural de planície rica em floresta). Todo o projeto teve início em 2010 e combina história, habitação, cultura e natureza num cenário único.
O recém-concluído “Buitenplaats Koningsweg” foi, em tempos, duas casernas camufladas - Kamp Koningsweg Noord e Zeven Provinciën - construídas nas imediações da base aérea de Deelen (fundada em 1913, esta foi a maior base aérea alemã nos Países Baixos durante a Segunda Guerra Mundial). Aqui, os bunkers militares de betão foram disfarçados de aldeias e quintas holandesas por excelência e até incluíam vacas e cavalos falsos. A paisagem natural do cenário é particularmente pertinente para o recém-realizado Buitenplaats Koningsweg: Veluwe é uma importante área natural nos Países Baixos e o maior sítio terrestre protegido pela rede Natura 2000 do país.
Foram efectuadas numerosas alterações à antiga base militar na segunda metade do século XX, antes de as estruturas remanescentes serem incluídas na lista neerlandesa de monumentos nacionais. O plano diretor do MVRDV e da Buro Harro segue as regras determinadas pelo registo de monumentos nacionais: os edifícios existentes, essencialmente em tijolo, são preservados no caso das construções alemãs originais e transformados no caso das construções holandesas subsequentes. Quaisquer alterações - por exemplo, novas portas e janelas de sótão - podem ser identificadas através da utilização de um acabamento cinzento escuro. Os edifícios que foram demolidos no passado foram reconstruídos com a mesma dimensão e forma e acabados com materiais cinzentos claros. Isto inclui a conclusão de três blocos residenciais sustentáveis que proporcionam um total de 21 casas (designados KKN 1, KKN 2 e KKN 3).
Os edifícios em Buitenplaats Koningsweg foram construídos para serem invisíveis desde o início, disfarçando o seu verdadeiro objetivo militar. Ao abordar o projeto, a sócia fundadora do MVRDV, Nathalie de Vries, questionou: “Como é que as intervenções modernas poderiam ajudar a chamar a atenção para a sua história, preservando ao mesmo tempo a integridade desse disfarce?” A resposta foi garantir que todas as alterações fossem claramente visíveis. “A resposta foi garantir que todas as alterações fossem bem visíveis. A clara delimitação entre os elementos antigos, novos e reconstruídos, juntamente com pormenores inesperados, como as paredes de bunker com um metro de espessura dos edifícios históricos, ajuda as pessoas a interpretar intuitivamente a história do local”, diz de Vries.
O desenvolvimento do plano diretor utilizou eficazmente a paisagem circundante - a transformação começou por “puxar a paisagem de Veluwe sobre o local como um cobertor”, diz Harro de Jong da Buro Harro, referindo-se à forma como o quartel e a base aérea foram originalmente camuflados. “Quando começámos, o local era uma área desolada, fortemente pavimentada e construída”, diz de Jong. Para retificar esta situação, foram dados passos consideráveis para reflorestar a área: em toda a Buitenplaats Koningsweg, é utilizada uma quantidade mínima de paisagismo duro, com caminhos pedonais estreitos que asseguram que a natureza pode florescer entre e à volta dos elementos construídos; além disso, a remoção das vedações que outrora encerravam o local permite que a vida selvagem vagueie livremente. O rewilding de Buitenplaats Koningsweg melhora consideravelmente a sua ligação com a zona de Veluwe e, consequentemente, a propriedade dos espaços públicos da zona será oficialmente entregue ao município de Arnhem.
O plano diretor incorpora onze follies com carácter, disponíveis para o público como casas de férias. Os desenhos arquitectónicos peculiares misturam-se com a floresta, jogando com o tema do disfarce. Os Follies incluem:
“Buitenverblijf Nest” de i29 e NAMO Architecture (Leia mais sobre este folly no Archello aqui).
“Folly BAT” by Architectuur Maken
“Dolmen” by Space Encounters
A fase final do plano diretor incluiu o desenvolvimento de três blocos residenciais semelhantes. Projetado pelo MVRDV, cada bloco é um terraço atraente composto por sete casas com uma mistura de disposições de plantas (21 casas no total). Os blocos foram construídos no mesmo local e com a mesma forma e tamanho dos edifícios que existiam anteriormente no local - paredes e telhados de ardósia cinzenta clara identificam os terraços como novas construções.
As casas são elevadas acima do nível do solo e incluem decks exteriores; não há jardins, mas cada casa desfruta de uma ligação com a floresta, bem como de grandes espaços partilhados entre os edifícios.
O MVRDV assegurou que a sustentabilidade fosse integrada no design geral das novas casas: as paredes e os telhados são construídos com estruturas de madeira; na mistura de betão, o cascalho é substituído em parte por agregado reciclado; os decks flutuantes são feitos com plástico reciclado. Uma combinação de painéis solares e elevados valores de isolamento garante que as cinco casas no meio de cada bloco residencial sejam neutras em termos energéticos; as casas nas extremidades são quase neutras em termos energéticos.
Os lugares de estacionamento para carros e bicicletas estão incluídos por baixo de cada bloco e incluem instalações de carregamento de carros eléctricos.
Master plan (2010 – 2024):
14.5 hectares (approx. 36 acres) including the regeneration of 40 historic buildings and 11 new follies
Three residential blocks (2018 – 2024):
4,932 square meters (53,088 square feet)
